... tarde da noite, tarde na alma, tarde pra mim... eu já estava no 12 copo de vodka, o maço de cigarros já não estava tão cheio... eu ali, sentada... batom vermelho desgastado,vida desgastada.... Já se sentiu assim? Não queira. O cheiro de desespero se mistura com a fumaça e só você pode senti-lo. Só você. É solitário... Minhas coxas desnudas brilhavam com a fraca luz, nunca havia reparado no quão branca sou,pálida, sem cor...sentia-me com poucos atrativos...
Descalcei-me,tentei levantar,mas minhas pernas sentiram o efeito do alcool e do tabaco,quase fui ao chão,mas uma mão me auxiliou... Olhei pra cima instintivamente,queria ver o rosto do estranho que me estendia uma mão com dedos longos e finos...Ele sorriu, e eu pateticamente sorri de volta... suas pernas quentes tocaram minhas coxas frias e me fizeram tremer, Seu nome? Jhonny... Um menino com olhos e corpo de homem... Mas um menino puro,vi isso em seus olhos...Sentou-se ao meu lado,contou-me um pouco de sua vida...Divertiu-me em várias linguas (não me entenda mal seu pervertido,não ainda) foi cortês...Descobri um eu (meu mesmo) perdido dentro daquele estranho que aos poucos se aproximava de mim... tomou-me o cigarro recém acendido da mão,pensei que tragaria mas para minha surpresa o jogou fora... Disse que eu não deveria me matar daquela forma (oh homem?! E não vês que já estou quase morta?) percebi que seu copo estava cheio...De água para minha total surpresa... Era vegetariano, não se drogava,não se embriagava... um homem que cheirava a sol... Aos poucos ele conseguiu minha permissão para retirar meus véus (assim como Isis uma vez permitira a um jovem Deus). Chamou-me para perto, mais perto.... Convidou-me a sentir uma respiração jovem, ofegamos juntos... Então perguntei o que um homem com cheiro de sol e orvalho fazia num lugar tão escuro e úmido como aquele...Lugar de pessoas cansadas e solitárias e ele confessou estar ali de passagem e que algo (não soube,nem eu soube explicar ) o fez estender a mão para mim... Puxou meu corpo pra junto do seu, lentamente abriu a boca e disse "Vem, vamos sair daqui juntos" seu hálito quente percorreu meu rosto, e então respirei.... Ele abaixou, pegou meus pés com cuidado, calçou-me sapatos vermelhos. Junto ao seu corpo saí daquele lugar... Respirando com pulmões que não estavam em mim (e sim nele) mas que de alguma forma eram meus também.....
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